quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Paisagem de solidão

Espreguiçar o dia nas gotas da janela por abrir
O som incessante da cidade em fundo
Ocultando o sol radioso e quente de manhãs por desembrulhar

Escancaro a janela e o mar mostra-se revolto
Espancando as areias nauseadas pela força da tempestade
Que teima em ribombar no céu negro do alto mar

Um grito de gaivota esfaimada irrompe pelo labirinto
É conduzido ao centro sem qualquer encruzilhada
O bradar de um silêncio ofendido pela lascívia que se derrama em presente

O bote da esperança naufraga na praia das ausências
Mastro partido e velas rasgadas pelos ventos da loucura
Que a solidão levantou numa oferta gravada em segunda mão

O som do silêncio impregna o avesso da alma, a limão e a verde,
No postar de mãos em imprecação pelos não amados
E a janela fecha-se certeza de que nem nada lhes será ofertado

Cuspo o negro do céu por entre o espreguiçar de um dia
Chovo as janelas fechadas ao redesenhar da paisagem
Diluvio o prego na parede que pendura a voz das sedas

Silencío a indignidade e pinto estrelas azuis em pétalas de violetas

Sem comentários: