quarta-feira, 20 de janeiro de 2010
Olhei o vento soprar
Caminho de rio se fazer mar
Fiz-me saia e vesti-me de mim
Pendurei-me nos brincos de abanar caminhos
E passeei pelos meus medos como quem confia
No lado a lado de dois caminhos
Deixei que os passos me abrissem os lábios
A um segredo trazido por outras brisas
O ar de mim vibrou nas cordas de fazer voz
E nem sequer se mostrou terrível o vendaval que de mim saía
O monstruoso que vagava nos meus medos
Ficou na foz do Tejo
Sereno contentamento
De um beijo quente num entardecer
Passeado, lado a lado,
Com a bonomia
sexta-feira, 15 de janeiro de 2010
Autofagia
quarta-feira, 13 de janeiro de 2010
Paisagem de solidão
Espreguiçar o dia nas gotas da janela por abrir
O som incessante da cidade em fundo
Ocultando o sol radioso e quente de manhãs por desembrulhar
Escancaro a janela e o mar mostra-se revolto
Espancando as areias nauseadas pela força da tempestade
Que teima em ribombar no céu negro do alto mar
Um grito de gaivota esfaimada irrompe pelo labirinto
É conduzido ao centro sem qualquer encruzilhada
O bradar de um silêncio ofendido pela lascívia que se derrama em presente
O bote da esperança naufraga na praia das ausências
Mastro partido e velas rasgadas pelos ventos da loucura
Que a solidão levantou numa oferta gravada em segunda mão
O som do silêncio impregna o avesso da alma, a limão e a verde,
No postar de mãos em imprecação pelos não amados
E a janela fecha-se certeza de que nem nada lhes será ofertado
Cuspo o negro do céu por entre o espreguiçar de um dia
Chovo as janelas fechadas ao redesenhar da paisagem
Diluvio o prego na parede que pendura a voz das sedas
Silencío a indignidade e pinto estrelas azuis em pétalas de violetas
O som incessante da cidade em fundo
Ocultando o sol radioso e quente de manhãs por desembrulhar
Escancaro a janela e o mar mostra-se revolto
Espancando as areias nauseadas pela força da tempestade
Que teima em ribombar no céu negro do alto mar
Um grito de gaivota esfaimada irrompe pelo labirinto
É conduzido ao centro sem qualquer encruzilhada
O bradar de um silêncio ofendido pela lascívia que se derrama em presente
O bote da esperança naufraga na praia das ausências
Mastro partido e velas rasgadas pelos ventos da loucura
Que a solidão levantou numa oferta gravada em segunda mão
O som do silêncio impregna o avesso da alma, a limão e a verde,
No postar de mãos em imprecação pelos não amados
E a janela fecha-se certeza de que nem nada lhes será ofertado
Cuspo o negro do céu por entre o espreguiçar de um dia
Chovo as janelas fechadas ao redesenhar da paisagem
Diluvio o prego na parede que pendura a voz das sedas
Silencío a indignidade e pinto estrelas azuis em pétalas de violetas
terça-feira, 12 de janeiro de 2010
Estejamos vivos, então!
Morre lentamente quem não viaja,
Quem não lê,
Quem não ouve música,
Quem destrói o seu amor-próprio,
Quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente quem se transforma escravo do hábito,
Repetindo todos os dias o mesmo trajecto,
Quem não muda as marcas no supermercado,
não arrisca vestir uma cor nova,
não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente quem evita uma paixão,
Quem prefere O "preto no branco"
E os "pontos nos is" a um turbilhão de emoções indomáveis,
Justamente as que resgatam brilho nos olhos,
Sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho,
Quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho,
Quem não se permite,
Uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da
Chuva incessante,
Desistindo de um projecto antes de iniciá-lo,
não perguntando sobre um assunto que desconhece
E não respondendo quando lhe indagam o que sabe.
Evitemos a morte em doses suaves,
Recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior do que o
Simples acto de respirar.
Estejamos vivos, então!
Pablo Neruda
Quem não lê,
Quem não ouve música,
Quem destrói o seu amor-próprio,
Quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente quem se transforma escravo do hábito,
Repetindo todos os dias o mesmo trajecto,
Quem não muda as marcas no supermercado,
não arrisca vestir uma cor nova,
não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente quem evita uma paixão,
Quem prefere O "preto no branco"
E os "pontos nos is" a um turbilhão de emoções indomáveis,
Justamente as que resgatam brilho nos olhos,
Sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho,
Quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho,
Quem não se permite,
Uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da
Chuva incessante,
Desistindo de um projecto antes de iniciá-lo,
não perguntando sobre um assunto que desconhece
E não respondendo quando lhe indagam o que sabe.
Evitemos a morte em doses suaves,
Recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior do que o
Simples acto de respirar.
Estejamos vivos, então!
Pablo Neruda
sábado, 2 de janeiro de 2010
Escrever, para mim, é congelar o tempo. Guardar um momento, uma ideia fugidia ou uma qualquer teoria rabiscada pelo vento que sopra no meu sótão. A maior parte das vezes escrever é para mim fotografar os sentimentos: - Um paixão, uma frustração, o doce mel do amor bailando o peito ou o registo de um ruído difuso e inconfesso a que o símbolo dá forma e exprime. Outras vezes a escrita liofiliza-me as lágrimas que ficaram anónimas aos olhos.
Não procuro razão na força das palavras, procuro a consciência, por entre o garatujar puramente simbólico, do que me passeia anónimo pela mente, esse lugar da volatilização dos sentimentos, materializando na palavra as correntes químicas emanadas do pensamento.
Pensei fazer um blog anónimo. Pensei no que escreveria a anonimia? Concluí que não escreveria nada que a falta de anonimato não escrevesse. O que escrevo mais não é que pedaços de tempo congelado… Fotografias de sentimentos.
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