segunda-feira, 25 de abril de 2011

25 de Abril


Enquanto há força
No braço que vinga
Que venham ventos
Virar-nos as quilhas
Seremos muitos
Seremos alguém
Cantai rapazes
Dançai raparigas
E vós altivas
Cantai também

Levanta o braço
Faz dele uma barra
Que venha a brisa
Lavar-nos a cara
Seremos muitos
Seremos alguém
Cantai rapazes
Dançai raparigas
E vós altivas
Cantai também

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Círculo perfeito

A realidade cai sobre a minha tarde
Encosto-me a ela como ao colo de uma mãe
E o seu odor morno aconchega-me a ilusão de que
O espelho parou de me contemplar

Dispo-me lentamente da minha imagem fónica
Perco a aparência do meu traço sobre a superfície
Inalo a essência que me arde no coração
E o céu e a terra recolhem à minha morada

Morno toque, memória azul, esculpe-me
Realidade doce de um sonho de sal
A beleza incorruptível do real cose-me o pensamento
À desembocadura das águas sobre o areal

sábado, 2 de abril de 2011

Luar



Fotografia de Miguel Claro



Zeus e Leto com fervor se desejaram
Sobre as estrelas com ardor se amaram
O dia e a noite entreolharam-se
E um leito de alabastro lhes cuidaram

Artémis e Apolo se geraram.
A luminosidade própria dos amantes,
A luz das emoções deambulantes,
À humanidade testamentaram.

Auroras de dedos prateados
Erguem da terra o negro manto
Escondendo os astros alheados

E Sobre a terra lançam-se a voar
As cores do amor de Leto e Zeus
Em todas as noites ternas de luar

sexta-feira, 1 de abril de 2011

O meu país

(A propósito da ideia mercenária de não comemorar o 25 de Abril na Assembleia da República)

O meu país está uma manta de retalhos
Cosido com falta de senso por Gente
Irresponsável que vaga o maldizer

O meu país está um sopro de maldade
Sem Homens e sem vontade
Deambula amordaçado o mês da Liberdade

O meu país está uma mãe maltratada
Pelos Homens que pariu
Já nem a história celebram na casa que os ungiu

Escárnio e maldizer tecem a nossa mortalha
Vem às nossas mãos Penélope
Ensina-nos a destecer.