quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Fénix

Cada vez que a vida insiste em reinventar-me
Dou por mim chegada a um lugar incerto
Por construir e por decorar
O Esplendoroso vazio
Começa a erguer uma imagem
Sem nome
Imagem de coisa completamente nova
Interrogação perplexa sem evidência de pergunta

Inicio o despejo
O lastro do inabalável escorre-me da ampulheta
E perco todo o meu tempo de saber
Flutuo sobre o vazio, voo insustentada
Como se fosse espuma de uma onda desfeita
Que se ergueu acima das águas
Apenas para ser açoitada pelo vento
E é então que o Azul me pede mais

Trago, acorrentadas às mãos, apenas as minhas cores
Liberto-as e… rezo-lhes
Peço-lhes que bailem sem se fundir
Para que o milagre de uma pena colorida me aconteça
...Mas não acontece…
Tudo se funde e a escuridão da noite por estrelar
Devolve-me o lastro que me pesa o pé
Afundo-me na densa prisão de mim
Condenada ao frio e à escuridão do rancor

O desespero Incendeia a minha Fénix
Sobre o cinzeiro das penas
Facho de luz que amacia a escuridão
E me aquece o lastro
Olho o peso finalmente aberto e escolho apenas
O que me funda e me liberta
Aprendo o céu da contemplação
Forjo o esplendor e saio de mim
Respiro todas as cores da minha vida
E encho-me do arco-íris
Milagre da minha pena
Que agora brilha sobre toda a escuridão

Renasço do mesquinho mortal
Penduro todas as cores neste novo local
Regatos, alegres, volteiam o abraço sincero
A montanha inicia o seu canto
As aves voam sobre o som das águas
Brincam com a inocência do riso
Natureza inteira
Matiz que se intui de um sol
Sem paredes, nem janelas, nem cortinas
Sem hora para o levante
Nem hora para o esplendor
Sem hora para o vazio
Nem hora para a rosa
Sem hora para o silêncio
Nem hora para o ocaso
Eu sou a montanha, o regato, a ave, o riso
A rosa e o silêncio
Eu sou, sobre a prancha,
O papel, a tinta e a pena
Sou
E não tenho maneira de escapar

1 comentário:

vieira calado disse...

Olá, amiga!

Venho agradecer as suas palavras de incitamento.

Bem haja!