Poema visual de ParadoXos
O diálogo ocasional com o vizinho de lugar no 17 escorria-me das camadas de mortos com que visto as conversas ocasionais de autocarro.
O autocarro é um falso lugar para comunicar, expressar nele um pensamento é acabar com a sua verdade.
Em verdade não sei quantos mortos trago vestidos. Tenho chaves que abrem os seus caixões para que delatem pensamentos dos quais não é possível discordar. A poeira dos mortos cobre o vizinho que, quieto, educado, sensível, como um espectador da minha insensibilidade, me sorri o silencioso acordo à morbidez dos dias.
Liberto-me dos dias e penso; -faca - mas fecho as palavras dentro da boca; - a viagem é demasiado curta para o homicídio.
5 comentários:
Estás muito tétrica! Neste momento preciso de bom humor, boas energias, boa disposição. Enfim... preciso de rir muito.
De facto, a viagem é curtíssima e incerta! Cabe-nos procurar a chave capaz de abrir a melhor direcção entre tantos becos sem caminho.
Gostei do teu poemacídio, vivo, profundo e, sobretudo, livre!
Grato pela partilha, pela surpresa!!
Kiesse
sur-presa aberta à liberdade!! :-)
beijinhos
Viva Maria
Acredites ou não eu ri-me bastante quando o acabei.
Viva Edu
O poemicidio não é meu é teu. Nasceu da tua imagem que está muito bem conseguida.
A ferrugem lembrou-me a cor dos autocarros, o 17 resulta do infinito nº de chaves da tua imagem (17 é cabalisticamente 8 que é o número do infinito).
A chave é um simbolo poderosissimo e os simbolos falam por inteiro através da intuição e não através do racional. Deixei vagar as minhas emoções pela tua imagem e percebi que associando chave a comunicação e à palavra fechar escrita na chave (chave associa-se normalmente a abrir) o que me resulta é o poder nefasto da palavra e as palavras podem de facto ferir-nos como facas, mas isto claro,soueu nomomento actual :)
Beijosaos dois
e sim Edu procuro estar aberta à liberdade embora esteja presa :)
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